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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ÁGUA FONTE DA VIDA




Admirável mundo novo. Como obra do destino, fiz parte da criação. Sou indispensável na fecundação da terra, na germinação das sementes, no desenvolvimento das matas e na formação dos oceanos. Sou parte integrante da vida. Tenho consciência da minha cota de responsabilidade no desenvolvimento dos povos que dominaram o mundo utilizando-se da força e da guerra. Eu ainda estava presente no suor dos vencedores e rolei nas faces dos vencidos.
Extraordinário é a capacidade de complementar a natureza e fazer a vida, a morte, o sorriso e a tristeza, e, ao mesmo tempo ser sublime ao aliviar a dor de quem sofre. Sou predestinada e tenho a pretensão da eternidade. Auxilio a natureza que consegue, com a sua imensa sabedoria, utilizar-se de meu incomensurável poder de transformação, num momento líquido, e logo após sólido, gelado, quente, vaporoso, que unido ao vento, realiza um espetáculo da  natureza, que com leveza nos eleva as alturas para nos juntarmos umas as outras, como se fôssemos uma grande família. E aproveitando esta confraternização nos compactamos por alguns momentos e conseguimos evitar que os raios solares nos penetrem; criamos sombras  sobre a terra, dando o tempo necessário para que ela consiga germinar e mover todo o ecossistema e ficar novamente a mercê  da ostentação do astro rei.
Permanecemos ao sabor do vento, conduzindo-nos com os braços abertos, levando-nos a acreditar que poderíamos nos unir, e juntos viajarmos, porém nos leva as alturas e nós em nossa infinita inocência criamos uma barreira e afrontamos novamente aquele que com seu poder dispara seus raios, nos aquecendo e nos obrigando a cumprir o nosso destino.
Solidificamos novamente, e, como num passe de mágica, alegremente nos desfazemos, despencamos ao chão, criando pequenas fendas, que rapidamente são ocupadas por seres vivos germinando e gerando vida. Adubamos a terra, viajamos na semente. Chegamos aqui antes Cabral e fomos escolhidos pela natureza para refrescá-lo enquanto gritava “ Terra à vista”.
Tivemos a oportunidade de ver o continente úmido se tornar uma selva de pedra, mas ainda tão dependente de nós.
Deslumbrante é a leveza de acariciar um corpo de mulher, deslizar por suas curvas, afagando-lhe a pele como se convidando para amá-la. E linda é a lágrima de uma criança, a qual Deus deu a percepção de nos ouvir, de falar, responder, de brincar e nos beijar.
Retribuímos ao alimentar os povos.
Surpreendentes são os nossos compromissos. Deslizar pelos rios, e nos transformar em cascatas, num passeio que leva milhares de anos para retomar nossa origem. Viajando podemos admirar as florestas, os campos, as cidades, os rios, as cachoeiras. Acredito que um dia poderemos morrer, mas, enquanto houver homens preocupados em preservar o meio ambiente promovendo a recuperação da natureza, respeitando as nascentes, não poluindo os  rios ,protegendo os mares, teremos certeza que sempre estaremos aqui cumprindo a nossa missão.













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