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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O DIAMANTE



O  DIAMANTE


Pesquisadores e cientistas de vários países foram convocados para discutirem sobre o valor do Diamante. Preocupados com a queda vertiginosa, descobriram que eles estavam perdendo seu valor. Este fato estava abalando o sistema financeiro dos países detentores da exploração desse valioso minério, assim como aqueles que não o tinham, mas os adquiriam e eram seus depositários. O que fariam com tantos diamantes se não tivessem mais valor ? Milhões de dólares foram investidos nesta preciosidade, que poucos podiam sequer admirá-los. Tanta riqueza quase intocável, era necessário  que assim continuasse.
Depois de vários dias reunidos chegaram a conclusão que enviariam pesquisadores para uma região guardada a sete chaves, onde poucos países sabiam a sua localização.
Pesquisariam o motivo pelo quais os diamantes estavam perdendo seu poder e valor. A equipe foi surpreendida. Chegaram ao centro de uma montanha crivada de pedras preciosas e numa sala, extremamente protegida,  estava centralizado um enorme  diamante, lindo, que brilhava com tanta intensidade, que ofuscava  olhos  dos  seis pesquisadores,  que encantados observavam e admiravam aquela  preciosa pedra.
Quando de repente, uma luz abateu-se sobre o cristal brilhante  formando reflexos e seis fachos de luz reluziram sobre os pesquisadores. Num zoom instantâneo os seis foram levados para dentro do diamante, deixando-os cada num gomo da pedra, e sob aquele prisma conseguiam ver uns aos outros, porém com visão multiplicada, indo e vindo de diversos ângulos. Os pesquisadores ficaram assustados, embora admirados, com o que estava acontecendo. 
Do centro do diamante surgiu um homem com um aspecto milenar. Com turbante e roupas compridas adornadas em fios de ouro e pedras preciosas. Chamava a atenção dos cientistas, dizendo que os levariam para uma viagem pelo mundo  através dos séculos, onde saberiam de toda a história do diamante. Descobriria qual a sua real utilidade e como deveria ser utilizada pelos povos. Durante a viagem mostrou-lhes os países que possuíam diamantes, o pouco que eles exploravam e o interesse em continuar os utilizando para suas conveniências, que era preservar o seu valor econômico.
Ninguém tinha interesse em estudá-lo e explorá-lo para fins científicos, tecnológicos, medicinais e desenvolvimento da cura de doenças, simplesmente priorizavam o status e o glamour da nobreza, contudo pobres de espírito deixavam de investir em pesquisas para descobertas de novas utilidades do precioso mineral, deixando a humanidade aleijada das benfeitorias que o diamante poderia lhes proporcionar.
            Milhares de  minas estavam fechadas há anos aguardando o momento oportuno para a prospecção, enquanto isso,  esta preciosidade continuaria  em poder de poucos.
Após viajarem por alguns países e ouvirem o que aquele homem falava e mostrava, os cientistas  puderam perceber o motivo pelo qual o diamante estava perdendo seu valor, pois a natureza deu de graça um bem precioso para que o homem pudesse, através do estudo e da inteligência, transformá-lo num bem para toda a humanidade, e não se tornar numa jóia rara,  com intuito de demonstrar o poder e luxúria. E já que seu objetivo não estava sendo atingido, ela tornar-se-ia numa pedra frágil sem valor, onde seu brilho e seu prisma não mais poderiam ser apreciados por ninguém.
Entendendo isso, prometeram levar  e discutir o assunto as suas autoridades e voltar ali com novo intuito de estudo e de pesquisa, para levar ao mundo mais informações sobre os benefícios para a humanidade. Regressaram a seus países levando  o  conhecimento que adquiriram daquele “mago”. Foram recebidos com ceticismo  e cada governante, preocupado somente com a riqueza e o valor da pedra, ordenaram  que aquele “bruxo” fosse preso, pois com certeza estava a trabalho de algum país. Os pesquisadores tentaram  novamente expor a finalidade dos diamantes e a nobreza da natureza em nos dar de graça este minério, todavia não consideraram palavra alguma. Alguns países estavam desenvolvendo armas a laser com tecnologia de última geração, com poder bélico capaz de dominar o mundo, e com certeza, estavam por trás deste disparate. 
Diante desta informação se rebelaram contra aquele homem julgando-o e condenando-o a prisão.  Retornaram a gruta nas montanhas e num plano ardiloso conseguiram capturar o ilusionista homem do bem, que acreditando em suas palavras materializou-se a sua frente,  sem esboçar  alguma reação,  deixando-se prender.
Foi recebido por líderes de vários países que tentaram persuadi-lo a liberar o valor e a composição da pedra preciosa, mas como guardião do diamante, foi irredutível. Somente o faria se democratizassem a pedra e liberassem-nas para pesquisas de todos os fins.  Não conseguiu  convencê-los e após um exaustivo processo onde  todos os países tiveram a oportunidade de conhecer  em detalhes a crise do diamante,   julgaram-no  e o  condenaram  a morte. 
Chegou o fatídico dia de sua execução, em rede aberta de televisão, o mundo todo assistia a bizarra execução na  cadeira elétrica. Como um sinal de benevolência, foi dado a ele a oportunidade de um último desejo.
O místico homem com olhar plácido expôs o desejo de ter suas mãos livres, já que encontravam-se algemadas há dias. Seu pedido a principio, fora negado, contudo diante da reação dos povos, decidiram tirar-lhe as algemas por alguns segundos e amarrá-las na cadeira elétrica. Os instantes que suas mãos ficaram livres foram suficientes para emanar  energias pelas mãos, onde uma luz o envolveu e um enorme diamante emergiu do firmamento. No seu centro o místico homem se apresentava para a imprensa, os cientistas, pesquisadores, e pessoas do mundo, todos puderam ouvir sua mensagem. Desvendou os segredos e os interesses sobre pedra preciosa. Explicou sua real finalidade e falou sobre seu uso pejorativo, portanto percebeu que nada mudaria.

Entristecido e sem perspectivas partiu num foco de luz, deixando que a avareza, a  ambição e a falta de humanidade permanecessem, embora sabia ter plantado uma semente que com certeza um dia germinaria e as novas gerações cobrariam de seus governantes o   uso   sustentável  e equilibrado dos bens que natureza  nos deixou.

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