O
DIAMANTE
Pesquisadores e cientistas de vários
países foram convocados para discutirem sobre o valor do Diamante. Preocupados
com a queda vertiginosa, descobriram que eles estavam perdendo seu valor. Este
fato estava abalando o sistema financeiro dos países detentores da exploração
desse valioso minério, assim como aqueles que não o tinham, mas os adquiriam e
eram seus depositários. O que fariam com tantos diamantes se não tivessem mais valor
? Milhões de dólares foram investidos nesta preciosidade, que poucos podiam
sequer admirá-los. Tanta riqueza quase intocável, era necessário que assim continuasse.
Depois de vários dias reunidos chegaram a conclusão que enviariam
pesquisadores para uma região guardada a sete chaves, onde poucos países sabiam
a sua localização.
Pesquisariam o motivo pelo quais os diamantes estavam perdendo seu poder
e valor. A equipe foi surpreendida. Chegaram ao centro de uma montanha crivada
de pedras preciosas e numa sala, extremamente protegida, estava centralizado um enorme diamante, lindo, que brilhava com tanta
intensidade, que ofuscava olhos dos seis
pesquisadores, que encantados observavam
e admiravam aquela preciosa pedra.
Quando de repente, uma luz abateu-se sobre o cristal brilhante formando reflexos e seis fachos de luz
reluziram sobre os pesquisadores. Num zoom instantâneo os seis foram levados
para dentro do diamante, deixando-os cada num gomo da pedra, e sob aquele
prisma conseguiam ver uns aos outros, porém com visão multiplicada, indo e
vindo de diversos ângulos. Os pesquisadores ficaram assustados, embora
admirados, com o que estava acontecendo.
Do centro do diamante surgiu um homem com um aspecto milenar. Com
turbante e roupas compridas adornadas em fios de ouro e pedras preciosas. Chamava
a atenção dos cientistas, dizendo que os levariam para uma viagem pelo mundo através dos séculos, onde saberiam de toda a
história do diamante. Descobriria qual a sua real utilidade e como deveria ser
utilizada pelos povos. Durante a viagem mostrou-lhes os países que possuíam
diamantes, o pouco que eles exploravam e o interesse em continuar os utilizando
para suas conveniências, que era preservar o seu valor econômico.
Ninguém tinha interesse em estudá-lo e explorá-lo para fins científicos,
tecnológicos, medicinais e desenvolvimento da cura de doenças, simplesmente
priorizavam o status e o glamour da nobreza, contudo pobres de espírito
deixavam de investir em pesquisas para descobertas de novas utilidades do
precioso mineral, deixando a humanidade aleijada das benfeitorias que o
diamante poderia lhes proporcionar.
Milhares
de minas estavam fechadas há anos
aguardando o momento oportuno para a prospecção, enquanto isso, esta preciosidade continuaria em poder de poucos.
Após viajarem por alguns países e ouvirem o que aquele homem falava e
mostrava, os cientistas puderam perceber
o motivo pelo qual o diamante estava perdendo seu valor, pois a natureza deu de
graça um bem precioso para que o homem pudesse, através do estudo e da
inteligência, transformá-lo num bem para toda a humanidade, e não se tornar
numa jóia rara, com intuito de
demonstrar o poder e luxúria. E já que seu objetivo não estava sendo atingido,
ela tornar-se-ia numa pedra frágil sem valor, onde seu brilho e seu prisma não
mais poderiam ser apreciados por ninguém.
Entendendo isso, prometeram levar e discutir o assunto as suas autoridades e
voltar ali com novo intuito de estudo e de pesquisa, para levar ao mundo mais informações
sobre os benefícios para a humanidade. Regressaram a seus países levando o
conhecimento que adquiriram daquele “mago”. Foram recebidos com ceticismo
e cada governante, preocupado somente
com a riqueza e o valor da pedra, ordenaram
que aquele “bruxo” fosse preso, pois com certeza estava a trabalho de algum
país. Os pesquisadores tentaram novamente expor a finalidade dos diamantes e a
nobreza da natureza em nos dar de graça este minério, todavia não consideraram
palavra alguma. Alguns países estavam desenvolvendo armas a laser com
tecnologia de última geração, com poder bélico capaz de dominar o mundo, e com
certeza, estavam por trás deste disparate.
Diante desta informação se rebelaram contra aquele homem julgando-o e
condenando-o a prisão. Retornaram a
gruta nas montanhas e num plano ardiloso conseguiram capturar o ilusionista
homem do bem, que acreditando em suas palavras materializou-se a sua frente, sem esboçar alguma reação, deixando-se prender.
Foi recebido por líderes de vários países que tentaram persuadi-lo a
liberar o valor e a composição da pedra preciosa, mas como guardião do diamante,
foi irredutível. Somente o faria se democratizassem a pedra e liberassem-nas
para pesquisas de todos os fins. Não
conseguiu convencê-los e após um
exaustivo processo onde todos os países
tiveram a oportunidade de conhecer em
detalhes a crise do diamante,
julgaram-no e o condenaram
a morte.
Chegou o fatídico dia de sua execução, em rede aberta de televisão, o
mundo todo assistia a bizarra execução na
cadeira elétrica. Como um sinal de benevolência, foi dado a ele a
oportunidade de um último desejo.
O místico homem com olhar plácido expôs o desejo de ter suas mãos livres,
já que encontravam-se algemadas há dias. Seu pedido a principio, fora negado,
contudo diante da reação dos povos, decidiram tirar-lhe as algemas por alguns
segundos e amarrá-las na cadeira elétrica. Os instantes que suas mãos ficaram
livres foram suficientes para emanar energias
pelas mãos, onde uma luz o envolveu e um enorme diamante emergiu do firmamento.
No seu centro o místico homem se apresentava para a imprensa, os cientistas,
pesquisadores, e pessoas do mundo, todos puderam ouvir sua mensagem. Desvendou
os segredos e os interesses sobre pedra preciosa. Explicou sua real finalidade
e falou sobre seu uso pejorativo, portanto percebeu que nada mudaria.
Entristecido e sem perspectivas partiu num foco de luz, deixando que a
avareza, a ambição e a falta de
humanidade permanecessem, embora sabia ter plantado uma semente que com certeza
um dia germinaria e as novas gerações cobrariam de seus governantes o uso
sustentável e equilibrado dos
bens que natureza nos deixou.
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